Os Incas

Originários das montanhas do Peru, os incas criaram um vasto império na região dos Andes, abrangendo áreas que atualmente correspondem a Peru, Bolívia, Chile, Equador, parte da Colômbia e noroeste da Argentina.

Os diferentes povos da América pré-colombiana

No final do século XV, a população ameríndia ocupava todo o continente, desde o Alasca (no extremo norte) até a Terra do Fogo (no extremo sul), mas distribuía-se de maneira muito irregular. Esses povos podem ser divididos em três grandes grupos:

Povos nômades: viviam principalmente da caça, da pesca e da coleta, além de uma agricultura rudimentar, cultivando milho, mandioca, feijão, batata e batata-doce, entre outros produtos. Viviam principalmente nos atuais Estados Unidos, Canadá, Brasil e Argentina.

Povos seminômades: viviam nas proximidades dos principais impérios pré-colombianos, recebendo forte influência deles. Tanto os nômades como os seminômades eram iletrados, portanto, são enquadrados na categoria de “povos pré-históricos”, expressão tradicionalmente empregada pelos historiadores para os povos que não desenvolveram a escrita.

Povos sedentários: com economia baseada na agricultura, criaram grandes centros urbanos, além de estrutura social e organização política, militar e religiosa complexas. Os mais importantes exemplos eram os impérios dos maias e dos astecas na América Central e no México, e o dos incas, na região da cordilheira dos Andes (Peru e Bolívia, principalmente), todos letrados.

No Brasil, quase todos os povos pré-históricos se enquadram nessa categoria. Em todo o nosso continente, a roda não era conhecida até a conquista europeia. Poucos animais foram domesticados: lhama, alpaca e vicunha, todos na região andina.

Os grandes impérios pré-colombianos

Os Incas

Originários das montanhas do Peru, os incas criaram um vasto império na região dos Andes, abrangendo áreas que atualmente correspondem a Peru, Bolívia, Chile, Equador, parte da Colômbia e noroeste da Argentina. Sua capital era Cuzco, a cidade sagrada, fundada no século XIII. Na verdade, o verdadeiro nome do povo era quíchua, sendo inca (mais exatamente, Sapa Inca) o título do imperador. Alcançaram o apogeu no final do século XV. Algumas décadas depois, também seriam vitimados pela conquista espanhola.

Como os demais grandes impérios pré-colombianos, os incas tinham na agricultura a base de sua economia. Ainda hoje causa admiração aos estudiosos o elevado grau de produtividade alcançado por eles. Plantavam nos chamados terraços, ou seja, degraus construídos nas encostas das montanhas. Além disso, construíram canais de irrigação, desviando águas de rios, para o aproveitamento de solos perto das aldeias. A produtividade permitia que se criassem estoques para abastecer a população durante dois anos e que se alcançasse os consumidores por meio de eficiente sistema de estradas e trilhas. Os principais vegetais plantados e consumidos eram batata, batata-doce, milho, mandioca e amendoim.

Foi o único povo pré-colombiano a domesticar animais usados como tração (lhama, vicunha, alpaca). Esses animais também forneciam lã, carne e leite.

A organização socioeconômica do império assemelhava-se à de alguns impérios orientais da Antiguidade, conhecida como “modo de produção asiático”. Além da base agrícola de regadio (irrigação), o conjunto da sociedade pagava tributos ao imperador. Ele era divinizado; usava roupas, adornos e cocares especiais que o distinguiam dos demais; era transportado em liteiras, com grande pompa. Seus súditos acreditavam que ele era descendente de deuses.

A sociedade dividia-se em quatro classes nitidamente estratificadas. A primeira era formada pela família real, além de nobres, líderes militares e líderes religiosos. Abaixo desta, estavam os governadores das quatro províncias em que o Império Inca era dividido. Tinham como principais funções arregimentar soldados e comandá-los, coletar tributos e manter a ordem nos departamentos. A terceira camada era formada pelos funcionários inferiores, civis e militares, encarregados de aplicar a lei e decidir sobre pequenas questões nas aldeias. Na base da pirâmide social estavam os artesãos e os camponeses, que constituíam a grande maioria da população.

Os camponeses eram distribuídos pelos ayllu, pequenas comunidades aldeãs formadas por diversas famílias que descendiam do mesmo ancestral e eram unidas por laços de parentesco ou alianças. Todos os camponeses estavam sujeitos à mita, trabalho obrigatório devido ao imperador. Os conquistadores espanhóis mantiveram a mita, destinando-a, obviamente, a eles.

Em termos de administração, o império era fortemente centralizado e extremamente estruturado. Embora não houvesse um sistema de escrita, os administradores incas desenvolveram um curioso e eficiente sistema de comunicação, os quipus – cordões de lã ou outro material nos quais eram codificadas mensagens. Os quipus eram usados para contabilizar a produção, recensear a população (número de habitantes, por idade e sexo) e calcular o número de cabeças de animais, os tributos pagos ou devidos aos diversos povos, a produção armazenada etc. Os números eram identificados pelos nós, e o significado, pelas cores.

Entre outros avanços culturais incas, destaca-se a arquitetura. Exemplos mais importantes são as construções de templos, palácios e muralhas, cujos enormes blocos de pedras eram perfeitamente encaixados. A cidade de Machu Picchu, no Peru, descoberta apenas em 1911, é um exemplo da grande capacidade arquitetônica e urbana da sociedade inca.

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