A civilização persa
Civilizações periféricas
Os persas pertenciam ao grupo étnico indo-europeu, também chamado ariano. Originários do Cáucaso, os arianos invadiram o planalto do Irã no segundo milênio a.C.; dividiam-se em medos e persas. Povos guerreiros, conquistadores e expansionistas, dominaram o Oriente antigo, desde o Egito até a Índia, estabelecendo um grande império. Sua grande vantagem militar era o fato de serem hábeis no uso de cavalos e possuírem carros de combate. Os medos foram um dos primeiros a domesticar cavalos.
Em 550 a.C., Ciro tornou-se rei da Pérsia. Formou um grande exército, com soldados armados de longas lanças, arqueiros e cavalaria. Era um conquistador diferente, não destruía as cidades conquistadas, e os povos dominados eram menos explorados.
Seus domínios estenderam-se até o Mediterrâneo oriental, com a conquista de cidades gregas na região da Jônia, na Ásia Menor, e a aliança com os fenícios. Em 539 a.C., conquistou a Babilônia e a parte ocidental da Índia. Governante hábil, concedia liberdade religiosa e conseguia, assim, o apoio dos povos dominados. Autorizou até mesmo os judeus cativos na Babilônia a voltarem para Jerusalém e reconstruírem o Templo de Jerusalém. Com o estabelecimento da paz em um vasto território, o comércio desenvolveu-se, abrangendo desde a Índia até o Mediterrâneo. Ciro foi o genial construtor de um grande império.
Nos domínios de Ciro, a ideia de justiça desempenhava função fundamental. Ele criava condições para que os povos sob seu domínio fossem capazes de pagar tributos. Concedia-lhes também certa autonomia, sob supervisão de um administrador persa por ele nomeado. Seu sucessor, Cambises, anexou o Egito em 525 a.C. Foi sucedido por Dario, o grande administrador persa, cujo domínio se estendia do Egito até a Índia, incluindo parte do litoral do Mediterrâneo oriental. O império foi dividido em diversas regiões conhecidas como satrapias, administradas por funcionários escolhidos por Dario. Este mantinha um corpo de funcionários de confiança (“os olhos e os ouvidos do rei”) que percorria as províncias e era responsável pela fiscalização dos atos dos sátrapas.
Por causa da grande extensão do império, organizou um eficiente sistema de comunicações, por meio de estradas e de mensageiros. Havia quatro cidades administrativas: Susa, Persépolis, Passárgada e Ecbátana. Graças a essa obra e ao tratamento aos povos submetidos, o império sobreviveu por longo tempo, mas acabou sendo conquistado por Alexandre, em 331 a.C.
No apogeu, o império controlava as rotas da China e da Índia até o Mediterrâneo. Havia uma longa estrada, a “Real”, com 2.400 quilômetros, ligando as cidades de Éfeso, no litoral do mar Egeu, e Susa, dotada de hospedarias para viajantes e estábulos para cavalos, bem como um correio oficial regular. As reservas governamentais em ouro eram tão grandes que a moeda persa, o dárico, era aceita internacionalmente.
Os persas eram politeístas até a reforma feita por Zaratustra, ou Zoroastro, no século VI a.C., que concebeu uma religião baseada na noção de justiça e preconizava a existência de dois deuses principais (dualismo), que representavam princípios diferentes e antagônicos. Aura-Mazda era o princípio da vida, luz, bem, verdade, virtude e outras qualidades. Ahriman, representado por uma serpente, simbolizava morte, trevas, mal, discórdia, doenças, conflitos e outras desgraças. Ambos estariam em constante luta. As pessoas que seguissem Aura-Mazda seriam recompensadas; os que seguissem seu opositor seriam castigados eternamente. Portanto, acreditava-se em outra vida, mas apenas para as almas.
Os ensinamentos do dualismo persa foram reunidos em um livro, o Avesta, ou Zend-Avesta. Nele, Zaratustra descreveu o Juízo Final, quando os valores morais e o comportamento das pessoas seriam pesados em uma balança. Anunciava a vindade um Messias, o “ungido”, salvador.
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