O judaísmo é a origem de duas outras religiões que possuem centenas de milhões de adeptos em todo o mundo: o cristianismo e o islamismo. O judaísmo surgiu na Antiguidade entre os hebreus, primeiro povo efetivamente monoteísta da história.
Várias tribos semitas, originárias da Mesopotâmia, fixaram-se na região da Palestina, a partir do século XX a.C., em caráter seminômade. Entre elas, os hebreus. Com a posse da área, dedicaram-se principalmente ao pastoreio (bovinos, caprinos e ovinos). Para satisfazer suas necessidades básicas, dedicaram-se ao cultivo de trigo, cevada, oliva, figo, fava etc. A produção de leite, lã e pele complementava a alimentação e fornecia matéria-prima para suas atividades artesanais. A localização geográfica da Palestina favorecia o comércio com outros povos. A sedentarizarão ocorreu com o tempo.
A sociedade hebraica tinha como base a família patriarcal. O poder do patriarca era incontestável, mas regido pelo bom-senso. A poligamia era institucionalizada e havia a prática da venda de filhos para estrangeiros, como forma de aliviar os problemas em épocas de penúria. A mais grave delas levou o povo hebreu a se deslocar para o Egito, no século XVII a.C., em busca de alimentos, aproveitando estar esse país sob domínio dos hicsos, também semitas.
Por volta de 1290 a.C., o líder Moisés chefiou a saída do povo hebreu do Egito em busca da Palestina, a “Terra Prometida” por Iavé (Deus). Era o “Êxodo”. Os hebreus vagaram por muitos anos pelos desertos, fato que provocou a formação de uma forte solidariedade tribal. Boa parte da tradição e das crenças religiosas judaicas surgiu nessa época, como as Tábuas da Lei (Dez Mandamentos) e a Arca da Aliança. Quando Moisés morreu, outro líder, Josué, iniciou a conquista da Palestina, expulsando ou submetendo outros povos semitas que aí haviam se estabelecido.
Os hebreus desenvolveram um sistema tribal baseado na propriedade familiar dos meios de produção. Os idosos eram respeitados por sua sabedoria e conhecimento das leis costumeiras; exerciam a função de “patriarcas”. O direito da primogenitura assegurava a transmissão do poder ao filho mais velho. Os juízes eram os chefes das tribos, que se constituíram com a agregação de comunidades, e eram escolhidos pelos patriarcas. Sansão foi o mais famoso. As mulheres ocupavam uma posição inferior nessa sociedade.
Os povos que viviam na região ofereceram grande resistência e foram vencidos com dificuldades, especialmente os filisteus. Dessa forma, o precário domínio dos hebreus revelava fragilidade político-militar. Divididos em 12 tribos, chefiadas pelos juízes, os hebreus compreenderam a importância da concretização da unidade político-militar. Um chefe militar, Saul, foi aclamado rei dos judeus (1055 a.C.).
Assim, a consolidação da monarquia hebraica foi consequência de guerras na Palestina. Saul foi sucedido por Davi (1010 a.C.), outro comandante militar. Ao mesmo tempo em que completou a conquista da Palestina, iniciou a construção do Templo de Jerusalém. Davi conseguiu unir todas as tribos e transformou Jerusalém na capital do reino. Líder carismático, ele legitimou o seu poder por meio de alianças com os sacerdotes. Davi organizou um exército de mercenários e iniciou uma política expansionista para financiar os gastos do Estado.
Salomão foi o terceiro rei. Governou de 970 a 933 a.C., época em que o reino hebraico alcançou o maior desenvolvimento político e econômico. O templo teve a sua construção completada, abrigando a Arca da Aliança, símbolo do pacto entre o povo hebreu e Iavé. O templo de Jerusalém simbolizava referência nacional; a religião funcionava como meio de união entre o povo e o poder político.
Porém, o individualismo dos chefes políticos provocou a separação das tribos. Após a morte de Salomão, ocorreu o Cisma Hebraico. Dez tribos ao norte constituíram o Reino de Israel, cuja capital era a cidade de Samaria. As duas tribos restantes formaram o Reino de Judá, ao sul, com capital em Jerusalém. A divisão enfraqueceu o povo hebreu, estimulando a cobiça dos povos vizinhos. O Reino de Israel foi atacado e conquistado pelos assírios em 722 a.C. Judá não resistiu ao ataque de Nabucodonosor; a população cativa foi levada para a Babilônia em 586 a.C., no episódio conhecido na Bíblia como “Cativeiro da Babilônia”.
O drama judeu só terminou quando o rei persa Ciro conquistou a Babilônia, em 539 a.C., e permitiu que os judeus regressassem às suas terras. O Templo de Jerusalém foi restaurado, e a classe sacerdotal manteve uma política de aliança com o Estado persa.
Posteriormente, novas invasões e domínios tornaram-se comuns. Ocorreu a conquista de Alexandre, em 333 a.C.; depois, a do greco-egípcio Ptolomeu; seguiu-se a invasão romana, comandada por Pompeu. Em 63 d.C., os hebreus se revoltaram, mas, derrotados, foram dispersos pelo Império Romano, no episódio conhecido como “Diáspora”. Essa dispersão só teve fim com a fundação do Estado de Israel, em 1948.
Os judeus, por ocasião da formação do seu Estado na Antiguidade, já cultuavam apenas um deus, Iavé.
A crença em Iavé, ou Jeová, foi institucionalizada pelas leis de conduta e princípios espirituais e religiosos escritos por Moisés, que correspondem ao Pentateuco bíblico (Torá), destacando-se os Dez Mandamentos. Jeová é o elo, assegurando a existência da nação de Israel por toda a história. Entre as práticas religiosas, destacam-se: guardar o shabath (sábado), celebrar a Páscoa (Pessach), adorar Iavé na sinagoga, a circuncisão, o bar-mitzvá, a dieta, o jejum no Yo mKippur etc.
O Antigo Testamento da Bíblia cristã contém toda a tradição oral milenar dos hebreus. Destacam-se a explicação da criação do mundo (Gênesis) até o Êxodo (Pentateuco); os Livros Históricos; os Salmos, de Davi; os Provérbios, de Salomão; e os Livros Proféticos, como os de Daniel, Ezequiel e Isaías.
O Talmude é formado pelos comentários dos rabis (ou rabinos, orientadores religiosos) sobre as leis e as coleções de preceitos morais, espirituais, religiosos, higiênicos etc.
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