A Biologia moderna e os métodos da ciência
Biologia se desenvolveu muito ao longo do século XIX, sobretudo no século XX. Apesar das inúmeras perguntas sem resposta, certamente o conhecimento a respeito da natureza é maior hoje do que nos séculos passados. O desenvolvimento dessa ciência foi proporcionado por avanços tecnológicos, como o uso de microscópios (figura 1.21) e o desenvolvimento de técnicas que permitiram conhecer em mais detalhes as estruturas dos seres vivos. Não se pode dizer que exista um único método científico, nem mesmo dentro da Biologia, mas é possível identificar um conjunto de procedimentos reconhecidos e adotados pela comunidade
científica. A construção de novos conhecimentos toma como base essas diretrizes, e mesmo assim os conhecimentos científicos podem perder seu valor com o tempo, sendo então substituídos por outros. Atualmente não se admite a existência de um método científico único, com etapas rígidas que se seguem umas às outras. No entanto, ao estudar os arquivos de grandes cientistas do passado, como Vallisneri, Spallanzani, Needham e Pasteur, pode-se perceber que seu trabalho teve alguns passos em comum:
- Problematização: formular uma pergunta para a qual não se sabe a resposta é uma etapa importante para produzir conhecimento científico.
- Observação e registro: compreender os elementos que fazem parte da questão a ser estudada é essencial para poder planejar formas de colocar ideias à prova, criando explicações provisórias, chamadas hipóteses.
- Experimentação: embora os antigos já colocassem ideias à prova, e nem sempre os cientistas da atualidade possam realizar experimentos, eles são tidos como meios importantes para testar ideias de maneira razoavelmente objetiva.
- Pesquisa em diferentes fontes: o contato com outras pessoas que pensaram a respeito da mesma questão ou de questões parecidas é considerado uma etapa importante do trabalho científico. Pode-se procurar por outras formas de explicar os resultados obtidos, as chamadas hipóteses rivais, que geralmente demandam novos experimentos.
- Conclusão: ao testar hipóteses é possível verificar se elas não dão conta de explicar os resultados encontrados. Assim, ao descartar hipóteses é possível reduzir o número de explicações válidas e enriquecer as hipóteses iniciais, construindo teorias. As conclusões, em Ciências, são sempre consideradas parciais, pois podem ser modificadas diante de novas observações, hipóteses ou formas de realizar e interpretar experimentos.
As ciências não são imutáveis, ou seja, os conhecimentos são construídos e reformulados com o passar do tempo e com o advento de novas descobertas. A retrospectiva histórica apresentada neste capítulo exemplifica esse processo, ao mostrar as mudanças na forma de pensar e de fazer Ciência. Algumas doenças, como a varíola, foram erradicadas do planeta por meio de campanhas de vacinação. A Biologia Molecular tem tido progressos extra ordinários e tem fornecido conhecimento para aplicações tecnológicas que possibilitam fabricar vacinas contra doenças muito perigosas, melhorar alimentos tradicionais, como o feijão, tornando suas culturas menos dependentes de inseticidas e mais amigáveis ao ambiente.
O uso de tecnologias inovadoras pode ajudar as populações mais necessitadas do planeta, mas para isso é importante que os cidadãos estejam atentos e participem dos debates sobre as possibilidades de investimentos em Ciência e tecnologia e dos usos que são feitos dos produtos da Ciência.
Referências:
Bizzo, Nélio Novas bases da biologia / Nélio Bizzo. – 2. ed. – São Paulo : Ática, 2013. Conteúdo : v. 1 Células, organismos e populações – v. 2 Biodiversidade – v.3 Corpo humano, genes e ambiente
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